Mais da metade das favelas do país são planas, aponta IBGE
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quarta-feira (6) estudo que mostra que 52,5% das residências nas favelas do país estavam localizadas em áreas predominantemente planas (1.692.567 domicílios), 51,8% tinham acessibilidade por ruas (1.670.618 domicílios) por onde era possível o tráfego de carros, 72,6% não tinham espaçamento entre si (2.342.558) e 64,6% tinham um andar (2.081.977).
O LIT (Levantamento de Informações Territoriais), realizado pela primeira vez pelo Censo 2010, pretende qualificar as favelas e proporcionar maior conhecimento dos aspectos espaciais dessas áreas do país. O levantamento foi feito a partir de dados coletados nos 323 municípios brasileiros que registravam a existência de aglomerados –quando há pelo menos 51 domicílios carentes de serviços públicos essenciais, ocupando terrenos alheios e dispostos de forma desordenada ou densa. O IBGE chama as comunidades carentes de aglomerados subnormais.
Ainda de acordo com o estudo, a região metropolitana de São Paulo concentrava o maior número de domicílios predominantemente em aterros sanitários, lixões e outras áreas contaminadas (1.984 domicílios), em áreas próximas a gasodutos e oleodutos (2.282), linhas de transmissão (10.816) e em áreas de preservação ambiental (10.213).
Distribuição de domicílios em favelas, segundo o tipo de via
Rua | 1.670.618 (51,8%) |
Beco/travessa | 1.279.895 (39,7%) |
Escadaria | 136.805 (4,2%) |
Caminho/trilha | 65.150 (2%) |
Passarela/pinguela | 30.809 (1%) |
Sem via de circulação interna | 28.789 (0,9%) |
Rampa | 12.463 (0,4%) |
Total | 3.224.529 |
- Fonte: IBGE, Censo 2010
Já na região metropolitana do Rio de Janeiro estavam os maiores quantitativos de domicílios em áreas predominantemente em faixas de domínio de ferrovias (7.328) e de rodovias (11.909). Na ocupação de praias e dunas, que também é proibida por serem áreas de proteção permanente, destacaram-se as regiões metropolitanas de Natal e Fortaleza, com respectivamente 9.023 e 5.529 domicílios.
Confira as características das comunidades carentes por região do Brasil:
Sudeste
A região Sudeste foi a que apresentou o maior percentual de domicílios em favelas no país (49,8%). Segundo o LIT, São Paulo e Rio são os Estados com as maiores populações em favelas no Brasil --2.715.067 habitantes e 2.023.744 habitantes, respectivamente.
A região metropolitana de São Paulo concentrava os maiores quantitativos de domicílios situados em áreas com predomínio de encostas (166.030), e a região metropolitana do Rio de Janeiro apareceu em terceiro lugar, com 103.750 residências. De acordo com o IBGE, as regiões metropolitanas das duas cidades também concentravam metade dos domicílios com acesso predominante por becos e travessas (660.667) no país, sem circulação de automóveis em seu interior.
A região metropolitana de São Paulo possuía o maior número de residências em aglomerados predominantemente às margens de córregos, rios ou lagos/lagoas (148.608), que ocupavam uma área de 2.571 hectares. Também concentrava o maior quantitativo de domicílios predominantemente em aterros sanitários, lixões e outras áreas contaminadas (1.984 domicílios). A região também se destacou como o local que possuía o maior quantitativo de domicílios em áreas predominantemente de preservação ambiental (10.213).
Número de casas em favelas, segundo topografia
Plana | 1.692.529 (52,5%) |
Colina | 862.990 (26,8%) |
Encosta | 668.972 (20,7%) |
- Fonte: IBGE, Censo 2010
Segundo o LIT, a região metropolitana da Baixada Santista foi a que apresentou maior quantitativo de domicílios em áreas predominantemente de mangue (5.276), somando uma área de 109,8 hectares.
Na região metropolitana do Rio estavam os maiores quantitativos de domicílios em áreas predominantemente em faixas de domínio de ferrovias (7.328) e faixa de domínio de rodovias (11.909).
Sul
Na região Sul predominavam como vias de circulação interna em favelas ruas que permitiam a circulação de carros e caminhões, especialmente na região metropolitana de Curitiba (69%).
Além disso, havia predomínio de domicílios com espaçamento médio entre si e com apenas um andar. Ainda de acordo com o estudo, na região metropolitana da Foz do Rio Itajaí foi constatado o maior percentual de domicílios em áreas de mangue (18,6%) do país.
Nordeste
No Nordeste predominavam as escadarias, becos, travessas e rampas, tipos de via predominantes em favelas localizadas em encostas e colinas, além de domicílios sem espaçamento entre si e verticalização de dois ou mais andares. O maior quantitativo de domicílios acessíveis predominantemente por escadarias (50.509) e por rampas (9.339) estava na região metropolitana de Salvador.
Nas regiões metropolitanas de Natal e Maceió, nenhum espaçamento entre as construções e verticalização de um pavimento foi o padrão predominante em mais de 90% dos domicílios pesquisados.
Segundo o IBGE, grande parte das residências em aglomerados localizados em praias e dunas estava nas regiões metropolitanas de Natal e Fortaleza, com, respectivamente, 9.023 e 5.529 domicílios com predomínio desse tipo de sítio.
Centro-Oeste
O Centro-Oeste se destacou com 47% de seus domicílios em favelas situadas em áreas de colina. Além disso, predominavam como vias de circulação interna ruas que permitiam a circulação de carros e caminhões.
Houve também o predomínio de residências em comunidades carentes com espaçamento médio entre si e com verticalização de apenas um andar. De acordo com o LIT, apresentaram-se em situação semelhante mais de 80% dos domicílios localizados no Distrito Federal e entorno.
Norte
A Região Norte foi a que apresentou a maior proporção regional de domicílios em áreas predominantemente planas, destacando-se as regiões metropolitanas de Macapá e de Belém, que apresentaram, respectivamente, 83,5% e 99,6% de suas residências em aglomerados predominantemente planos.
Predominavam como vias de circulação interna ruas que permitiam a circulação de carros e caminhões. Rio Branco se destacou por ter esse padrão predominante em cerca de 90% dos domicílios dessas áreas, seguindo de Porto Velho (65%). As duas cidades também apresentaram predomínio de comunidades com residências de um andar e espaçamento médio entre si –mais de 90% dos domicílios.
Ainda segundo a pesquisa, também houve o registro abundante de favelas com passarelas e pinguelas, com destaque para a região metropolitana de Macapá, em que estavam 62% de todos os domicílios da região acessíveis por esse tipo de via.
Em termos percentuais, o Estado do Acre se destacou com mais de 90% de seus domicílios às margens de córregos, rios, lagos ou lagoas. Já na região metropolitana de Macapá, 14.506 residências estavam na mesma situação -- cerca de 83% do total, ocupando uma área de 938,5 hectares.
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